Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se tinham zangado um
com o outro. Cada um me contou a narrativa de porque se tinham zangado. Cada um
me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos
tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e o outro outra, ou que um via
um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas
exatamente como se tinham passado, cada um as via com um critério idêntico ao do
outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.
Vai um digestivo
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